quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

CRÍTICA - A Viagem/Cloud Atlas (por Urbano)

Excelente em alguns momentos, medíocre em outros, mas vale o passaporte.

Os diretores de Matrix e Corra Lola, Corra reunirem Tom Hanks, Hugh Grant Halle Berry numa história que passa por séculos, já é algo digno de se assistir.  O fato de ter 3 horas apenas confere o ônus de ambição a coisa que deve ter tido cascatas de dificuldade. Mérito reconhecido. Mas e aí, ficou a altura?

Não. Preciso reafirmar: vale a pena!  Mas é bem abaixo de proporções épicas ou mesmo tocantes como promete o maravilhoso trailer. Há de se entender que muita gente não dissocia o trailer do filme e injeta no resultado final, qualidades que ele tentou ter, mas que nesse caso, não conseguiu.  São 6 histórias, uma que começa em 1850 e fecham num futuro pós apocalíptico sem data revelada. Há conexões entre as histórias, mas digamos que algumas um tanto superestimadas. E algumas pérolas jogadas : a piadinha com Soylent Green (poucos vão pegar a referência)foi genial! Atores fazem múltiplos papéis, às vezes fáceis de reconhecer, às vezes com uma maquiagem que compromete e outras tão impressionantes que nem percebemos até os créditos onde (ainda bem)  fizeram questão de mostrar quem é quem. Elogios mais concretos à direção de arte bem cuidada em cada época que se passa, convencendo totalmente dos saltos temporais.

Se não tem todo o poder épico que tinha dado a entender, Cloud Atlas não repele o espectador com sua duração, as tramas são clichês agradáveis, bem usados. Requer sim, alguma atenção mais cuidada, especialmente no início, por conta da fragmentação. Elas poderiam ser contadas na íntegra cada e passada à seguinte. Mas não é assim, vai por cacos indo e voltando no tempo e a gente vai emendando. Vou te dizer que isso pode ser considerado um defeito, mas particularmente achei delicioso o desafio. Até porque cada história é bem simples, estilhaça-las dá um trabalhinho pro entendimento, entendi como uma compensação positiva.


Fala de reencarnação? sim. É o que se imagina: são as mesmas vidas reencarnando. No meu particular, não acredito em meia vírgula espírita, mas fico feliz do filme em nenhum momento ser algo proselitista. Essas temáticas no Brasil costumam doer nos rins.

  Os problemas mesmos foram de roteiro e sua falta de coerência, especialmente na parte que se passa no último futuro. A personagem da Halle Berry tem uma nave à disposição e em sua busca, se arrisca com cordas pra subir rochas e uma arma menos eficiente do que lanças e flechas. Estamos falando de séculos à frente de nosso tempo onde a humanidade já está em outros planetas e ainda assim as pessoas envelhecem como hoje e nem se conseguem corrigir uma cicatriz. Partes do filme que enfraquecem a estrutura de um projeto que perigou de ser um marco.


Nota: 6,7 Atmospheras

3 comentários:

  1. Vou ver e depois deixo aqui a minha crítica!
    Diana

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  2. Boa tarde, Urbano, gostei da crítica embora discorde um pouco da sua opinião sobre "força" do filme.
    Achei um ótimo filme, não épico como você mesmo comentou, mas achei inovador pela forma de contar a sua história.
    Exatamente por ser fragmentado e desafiar a pessoa que assiste foi o que me deu gosto pelo filme, foge a mesmisse e aos filmes que são entregues "mastigados" para o público e que em algumas vezes até ofendem a sua inteligência.
    Acredito que se elas fossem contadas na integra perderia totalmente a graça do filme e se perderia o climax sobre climax quando vão pulando pelas histórias, ou até atrapalhasse o entendimento em alguns momentos do meio pro final, onde as coisas começam a se encontrar e a gente se pega pensando "ah...então era por isso" ou coisas do tipo.
    É verdade que no ínicio as coisas são entregues tão rápidas e tão fragmentadas que é muita informação e você começa perdido, mas afinal, você não conhece nenhum dos personagens nem das histórias, mas conforme o "background" vai se formando, o universo vai se construindo...ele te obriga a engatinhar no inicio, até que você está correndo pelas histórias junto com eles no filme, te faz pensar, até mesmo depois que já acabou, e isso dá ao meu ver uma graça especial ao filme.
    Obviamente é tanta informação que você acaba deixando passar algumas coisas e eu me senti obrigado a ver de novo para perceber novos detalhes, você já começa diferente, olhando para outros pontos e acaba vendo novidades. Gostatei do desafio.
    Infelizmente muita gente não se dará ao trabalho de pensar e irá condenar o filme logo de cara, mas digo que o filme, como você disse, vale a pena.
    Sobre o restante da sua crônica, concordo com a maioria das suas citações, muito legal.
    Abraço.
    Rafael Q.

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    1. Cara, valeu pela visita! Mas olha: o seu elogio ao filme da parte em que prefere que as histórias sejam fragmentadas, foi o meu tbm. Achei isso positivo, pois gerou uma "brincadeira" a mais por assim dizer, que fez o público ordenar os fragmentos. E cada história é bem simples. Fragmentar, valorizou cada uma. Mas penso que Cloud Atlas deveria ser um marco, um divisor de águas. E, no meu entender ele vai ser apenas "bom". Abs!!

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