segunda-feira, 17 de setembro de 2012

CINEMA – O Vingador do Futuro (por Marcio Quintella)

Não se Convoca um Time Campeão com Escalação Diferente.

 
     Paul Verhoeven é um diretor de altos e baixos. Quer dizer, mais baixos do que altos. Showgirls foi considerado um dos piores piores filmes dos últimos tempos, Instinto Selvagem causou polêmica e frisson pela cruzada de pernas mais provocante do cinema e só, e Tropas Estelares e O Homem Sem Sombra nunca foram obras de relevância na carreira desse holandês.

     Porém, há de se destacar dois filmes que soaram como um alerta futurista sobre as neuroses do homem e as mazelas que elas representavam e representam até hoje em sua vida: segurança e insatisfação pessoal. No primeiro, Robocop – O Policial do Futuro, a questão da paranóia mundial diante da violência fez nascer o policial perfeito até demais para o sistema. No segundo, Vingador do Futuro, a possibilidade de ser alguém diferente do que somos nos torna poderosos dentro de nossas limitações. E foi nisso que a linha de raciocínio do primeiro filme se manteve, inserindo ingredientes exóticos num roteiro factível para os princípios da ficção científica. E ainda continha o “ator da hora”, Arnold Schwarzenegger, no papel de “herói” fabricado. Ou seja, um filme que deveria ter sido mantido intacto. O que não foi respeitado pela indústria fominha americana.

     O remake de Vingador, que ficou a cargo de Len Wiseman, responsável pelo primeiro filme da franquia Anjos da Noite e o renascimento de John McClane em Duro de Matar 4.0, entre outros, respeitou a linha de raciocínio que envolvia a trama principal, a do homem que deseja o que não pode ser, e que opta por realidade “adquirida”. Porém, o charme do filme, toda a atmosfera que envolvia a história original, desde as armações reais dentro do mundo virtual e o ambiente do planeta Marte, foi esquecido por Wiseman. O roteiro de Kurt Wimmer e Mark Bomback é precário e não ajuda a história “engrenar”, apesar de bons diálogos e momentos de ação bem escritos. Só que Wiseman se perde um pouco para refazer algumas cenas originais e deixa escapar a oportunidade de recriar boa parte da história de Marte, para nos brindar com esse presente. Os nomes dos personagens, em sua maioria, foram mantidos, o que confere alguma identificação com o filme original. Mas é só.
     O elenco deixou um pouco a desejar. Kate Beckinsale e Jessica Biel conseguem manter suas atuações dentro do esperado, e o resto do elenco é puramente coadjuvante. Com relação a Colin Farrel, a escalação foi infeliz. Outros atores poderiam interpretar Doug Quaid com mais robustez, física e caracteristicamente, e Farrel não transmite o carisma suficiente que Arnold deixou marcado no primeiro Vingador.
     De resto, é implorar para que outros filmes emblemáticos não sofram essa “pernada” de Hollywood. Não dá pra aguentar uma rasteira dessa todo ano.

 
Nota: 6 atmospheras  !

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