Um é Bom, Dois Está ótimo...
Maior sensação do cinema nacional da atualidade, Tropa de Elite 2 pode ser considerado um genuíno blockbuster brasileiro. Além de ter os ingredientes necessários para isso (ação, apelo popular, carisma dos personagens), o filme é continuação de outro sucesso, uma vez que o já notório Capitão Nascimento, agora Tenente-Coronel, Mathias & Cia. Ltda. deixaram claro que retornariam para mais uma aventura. Aventura essa que é mais cerebral e ideológica do que física e de força.
José Padilha nesse novo filme quis dar nome aos bois da política, mas foi completamente travado em sua ambição de fazer um filme que se propusesse a denunciar conchavos, conluios e outras armações do poder com o submundo de comunidades vítimas desse rolo compressor da violência urbana. Tanto que o filme só foi lançado após a eleições, ficando um pouco sem efeito em um de seus objetivos.
Mas isso não depôs contra o filme, que , ao que tudo indica, será recordista de bilheteria em pouco tempo. Na seqüência, Nascimento e o BOPE são personagens de histórias paralelas, cada um com uma boa estrutura, amparada pelo excelente roteiro de Bráulio Mantovani, que já havia nos dado O Ano em Que Meus Pais Saíram de Férias e Cidade de Deus. Esses dois caminhos se fecham em um final único, e o resultado ficou muito superior ao filme original. José Padilha soube aproveitar muito bem o argumento que teve nas mãos, e criou uma seqüência cinematográfica à altura de grandes produções. Também soube explorar o elenco, do qual tirou ótimas interpretações. Enfim, uma história que marcou o cinema nacional, pela sua identificação com questões políticas e sociais do momento.
O elenco, de nomes bastante competentes, tem novamente em Wagner Moura seu principal trunfo. Talvez outro ator não conferisse credibilidade maior ao Tenente-Coronel Nascimento do que ele. Além de Moura, outros destaques vão para Milhem Cortaz, pelo seu paspalhão Tenente-Coronel Fábio, André Mattos, numa ótima caricatura de um famoso apresentador de um programa josnalístico sensacionalista, Sandro Rocha e Tainá Müller.
Fica apenas a pergunta que não quer calar: será que o fio conditor do final de Tropa 2 renderá outra história ? Talvez não haja munição para tanto.
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