terça-feira, 8 de junho de 2010

SÉRIES - 24 Horas - Fim da série (Por Urbano)


Não precisa atirar no joelho, eu confesso!

Confesso que minha discriminação com Kiefer Sutherland somado aquelas locuções manjadíssimas de propaganda da Globo me manteve afastado de 24 Horas. Foi um amigo, o  ilustrador Giovanni Contanni (falecido em 2008) que surpreso com minha fraca reação ao seriado, me deu uma pilha de dvds que totalizavam 3 temporadas de uma vez e me desafiou a assistir os 2 dvds iniciais. Giovanni estava certíssimo. A qualidade da série criada por Joel Surnow (vindo da ótima série Nikita) e Robert Cochran se revelava. Tinha tudo pra dar errado: Kiefer Sutherland, tema de terrorismo logo após 11 de setembro e um formato de história que se passa em tempo real num período de um dia... era a receita pra clichê e marasmo pensava eu... que bom que errei feio.
O que mais impressiona em 24 Horas especialmente a partir da segunda temporada é a altíssima qualidade do roteiro. Na verdade, toda a inserção, fotografia, tomadas e até efeitos estão equivalentes ao que se tem no cinema. O roteiro, está ACIMA do que o telão nos apresenta em filme de ação desde um Duro de Matar. Aqui, a quantidade de reviravoltas sustentáveis a cada episódio consegue te surpreender e te manter na tensão, se você acerta uma, cai na seguinte e, sem dar tempo pra se recuperar, é jogado no teor de uma trama complexa sempre no centro do tornado. A série mesmo que tenha umas derrapadas (afinal, foram 8 anos) te respeita, te entende como inteligente e não apela pra repetições ou rebobinamentos a fim de ganhar tempo. Ela não te enrola, não faz pouco caso de você e ao mesmo tempo constrói personagens críveis e heróicos que são sim afetados pelas ações, erros e circunstâncias como há nunca se viu. Sempre no limite, sempre brilhante. Oito temporadas com uma odisséia que na verdade teve suas pontas  fechadas na sexta. A sétima surgiria como um bônus e auto-plágios das anteriores, surprendentemente eles conseguem pontos de qualidade intensa até mesmo quando recorrem às suas fórmulas que a essa altura já pareceriam exauridas e de fato o são em vários momentos. Chegamos a oitava num esquema de "ok, vai ser qualquer coisa pra terminar logo". E não é. Além de termos de volta a assustadora interpretação de um dos melhores personagens de todos os tempos: Charles Logan pelo então desconhecido Gregory Itzin, um monstro; ganhamos também em avanço, uma imersão no personagem principal, seu poder e as escolhas radicais que faz dentro de uma trama agora mais direta e picos de cenas de ação que rivalizam com superproduções caríssimas de blockbusters. O desfecho é  eletrizante que te deixa suspenso na cadeira e enobrece o personagem. Essa é uma série desenvolvida com carinho, com extrema atenção aos detalhes e um capricho inédito. Foram as melhores piores 24 horas de todos os tempos. Ahhh.. é série pra macho, não tem choradeirazinha no final. Missão cumprida!

Nota: 9,9 atmospheras.
Leia também: crítica do piloto de Cáprica

Nenhum comentário:

Postar um comentário