sexta-feira, 5 de março de 2010

CINEMA - Bastardos Inglórios (por Marcio Quintella)


É Melhor Pecar Por Falta do Que Por Excesso

Mais uma vez, a história se repete. Ou seja, tanto uma qualquer passada na Segunda Guerra, quanto o caso do Sr. Quentin Tarantino querendo sempre se superar. E ele faz isso com a esperteza de uma raposa velha, daquelas que estão no "mainstream" há decadas (seu primeiro sucesso, Cães de Aluguel, data de 1992, quase vinte anos atrás).
Dessa vez, em Bastardos Inglórios, o cara cisma em contar uma história fictícia de guerra, de um grupo de judeus que se reúne para passar o rodo nos nazistas, e aproveita um evento cinematográfico para assar Hitler e seus asseclas. Boa idéia, mas resultou num dos filmes mais egocêntricos do diretor. Primeiramente, porque cenas tãããããooo longas, é pra afrontar, ou fazer com que seus fãs bradem: "Gênio !" ?
Minha opinião é que ele quis aparecer e, só porque é Tarantino, todos iam ter orgasmos múltiplos. Chupou descaradamente a cena final de Cães de Aluguel e transformou-a na interminável cena do bar, que, por mim, teria no máximo, uns dez minutos. Outra coisa: alguém me explique porque cargas d'água esse senhor enfiou a música-tema de O Dolar Furado numa cena menor. Li, em algum lugar, que ele reverencia, em certos momentos, Sergio Leone. Como é que é ??? Tarantino botou a música, reverenciou. Mas se fosse outro cineasta, todos diriam: "Que coisa sem sentido uma música velha dessas numa cena sem importância !". Além disso, tome-lhe susupenses inúteis, como a cena da ceverna, e cenas finais de mortes com músicas incidentais ao fundo. Originalíssimo ! O problema de Bastardos é que ele não é um filme ruim, mas é excessivo em quase tudo !
Do elenco não se pode falar muito, exceto por um nome: Christoph Waltz, o sarcástico coronel Hans Landa. O cara rouba o filme, coloca todo o elenco no bolso, e ainda periga levar uma estatueta dourada para casa. O resto, nada demais. Brad Pitt ficou devendo mais uma boa atuação, por causa do fraco Aldo Raine. Saudades do cigano irlandês de Snatch, ou do maníaco de Kalifornia.
Só espero que, se Bastardos Inglórios ganhar os prêmios principais (diretor e filme) a mídia não saia gritando: "A Academia fez justiça !", ou "Enfim, o Oscar para Tarantino !". Com um filme desses, não dá pra ser feliz !

Nota: 5,0 atmospheras

Leia também:


Bastardos Inglórious por Urbano


Um comentário:

  1. É meu amigo, também concordo, Tarantino meio que perdeu a mão, acho que ele ainda consegue criar personagens interessantes, mas nesse filme até o final "imprevisível" não salva.

    Pulp Fiction e Cães de Aluguel ainda são os meçhores filmes dele pra mim.

    ResponderExcluir