segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

MÚSICA - Renovando o acervo





A princípio, pode ter parecido mais um caça-níqueis em cima dos Fab Four, mas a reedição dos álbuns remasterizados do Quarteto de Liverpool era algo há muito aguardado por fãs e melômanos. Lançados em maravilhosas caixas, uma com a versão estéreo e outra com a versão mono, os discos merecem ocupar na estante o lugar antes tomado pelas edições apenas digitalizadas.
A quem não pode ou não quer desembolsar quase dois mil reais nas duas caixas (vale lembrar que as versões mono eram aquelas que os próprios Beatles ouviam em estúdio, antes da masterização e mixagem final, sendo um tanto diferentes das conhecidas e consagradas versões estéreo; e a caixa mono traz apenas os álbuns que a própria banda lançou assim) recomenda-se apostar na compra a varejo, principalmente, dos discos a partir de "Revolver" (1966). É que neste se dá o início da grande experimentação de McCartney, Lennon, Harrison e Starr em estúdio, com o auxílio luxuosíssimo de George Martin, o quinto beatle.
A utilização de quatro canais, recém-criados (antes usavam-se dois), e o surgimento da técnica ADT permitiram uma maior riqueza de texturas e detalhes sonoros. Isso quer dizer que, comparados aos anteriores, o supracitado "Revolver", "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band", "Magical Mystery Tour", "The Beatles (White Album)", "Abbey Road" e "Let it Be" ganham disparado no quesito qualidade de som, nessas edições remasterizadas. Agora, podemos ouvir vocais, timbres, percussões que ficavam escondidos nos CDs antigos. E o maravilhoso baixo do Paul, cheio de linhas ganchudas, está bastante evidente, o que extasia qualquer amante das quatro cordas.
Pode-se incluir no bolo, ainda, o "Yellow Submarine", porém, no conjunto, tem menos importância.
Mas, se você só puder mesmo investir em um desses, fique com o "Abbey Road". Além de ser um disco excelente, mágico, é talvez aquele em que a remasterização seja mais perceptível a "ouvidos nus". Em segundo, eu indicaria o "Magical Mystery Tour" (ouço coisas inéditas em "Penny Lane"); em terceiro, o "Álbum Branco". Curiosamente, o "Sgt. Pepper", tão revolucionário pelas experimentações sonoras na época de seu lançamento, não apresenta tantas revelações assim, nesse novo formato.
E por falar em formato... Os CDs avulsos, em digipack, recheados com fotos e textos espetaculares, além de um minidocumentário sobre o disco, fazem qualquer colecionador e beatlemaníaco raspar a conta bancária.
Portanto, aproveite, pois, parece, essas edições rechonchudas são limitadas.

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