sábado, 10 de agosto de 2013

CRÍTICA - PACIFIC RIM/Círculo de Fogo (por Urbano)

Faltou tão pouco pra ser um filmaço!



Tradição nas animações e séries japonesas, homens tripulando robôs gigantes contra monstros colossais é uma coisa que muitos de nós desejaríamos ver numa megaprodução com... japoneses. Mas um mexicano em Hollwood atirou primeiro.

Guilhermo Del Toro é o cineasta que particularmente eu adoraria ser muito fã. O que rola é que as obras dele não vão muito além do visual. Labirinto do Fauno é um bom exemplo. Mesmo assim há uma força genuína em contar uma história com um visual magnífico e não ter um visual magnífico pra encerrar em si com vazio. É a diferença entre Del Toro e Michael Bay. Bay parece escrever cenas de ação e costurá-las com qualquer desculpa. Del Toro tem uma história onde a ação acontece por conta dela. Comparar Transformers e Pacific Rim além de inevitável, faz todo sentido.

Junta os 3 Transformers e não dá meio Rim.
Sou contra a noção da obrigação de que uma premissa espetaculosa tenha de entregar um filme tolo. Por isso acho Transformers o maior desperdício de uma excelente idéia que o cinema já usou. Mas vejam vocês, Pacifi Rim não é de modo algum um filme sério. É interessante que tanto Pacifi Rim quanto Transformers são recheados de personagens bobos e situações inverossímeis. A diferença é o talento atrás da orquestra de tudo isso.

Em Pacific Rim: uma fenda abriu nas profundezas do Pacífico por onde passaram destrutivos monstros colossais. Nessa realidade, a humanidade acabou aprendendo após muitas perdas de que uma idéia absurda combateria uma situação absurda e criaram robôs gigantescos pilotados por humanos, os Jaegers pra destruírem os monstros na base da porrada. Isso ficou eficiente durantes anos até que algo muda e é onde o filme começa. E como começa bem! Há um capricho na inteligente introdução a esse mundo no modo sem desperdícios e seguem-se os dramas pessoais apresentando personagens tão distintos, bem motivados, todos com um background que ajuda bastante a defini-los. E sem demora surge o que mais interessa: os combates!

Nada de manchas confusas na tela e ninguém te chamando de velho na falta de defesa de uma coisa mal feita! 
A pancadaria entre monstros e robôs é hardcore, criativa e VISÍVEL mesmo sem câmera lenta! As cenas são repletas de detalhes e até em meio a chuvas torrenciais, o diretor entrega lutas empolgantes e diferentes a cada porradaria que você entende de verdade ao invés de fingir que entende porque quer gostar do filme. Aproveitam recursos distintos tanto das tecnologias variadas dos Jaegers quanto das características dos monstros que nunca se repetem. Lâminas rotatívas, mísseis, fluidos fosforescentes e os pilotos suando no esforço de cada batalha progressivamente mais difícil que a anterior. Entre as batalhas: humor!  Há um alívio cômico sim entre a disputa de egos de 2 cientistas caricatos (Charlie Day e Burn Gorman, respectivamente Geiszleir e Gottlieb) sem que em nenhum momento se apele para piadas de pum, xixi ou maconha.

Já deu pra perceber que a viagem valeu a pena e já dou minha nota:
8 Atmospheras!

Daqui pra baixo, falo do que acho que NÃO  FICOU BOM.

Se você critica um filme blockbusters: "Ah vc queria o que? um filme cabeça?"
Se você critica um filme cabeça: "Ah vc queria o quê? um filme de explosões?"
Olha, enxergo o mundo com mais tons do que preto e branco e mais direções que direita e esquerda e julgo os filmes dentro de cada proposta. Combinado?

1: Idris Elba que vive o líder militar Pentecoast incorporou um tipo de overreaction em todas as cenas. Até um "bom dia" soa algo exageradamente entonado. Isso o deslocou do filme de uma forma estranha por ficar irreal demais mesmo nesse mundo de absurdos.

2: Ok que entendemos o filme como uma usurpação americana de idéias japonesas, mas custava dar um merecido destaque ao Japão? em dado momento a personagem Mao Mori (Rinko Kikucchi) simplesmente fica muda e o protagonista Becket (Charlie Hunnam) faz todo o trabalho de uma coisa que deveria beirar os 50% pela própria lógica do filme quanto a pilotagem dos Jaegers. Mori tem seu momento antes e é emocionante numa frase em japonês. Mas merecia bem  mais. Assim como uns 10 minutos a mais de ação dos pilotos de outros países que não os EUA, faria a luta parecer mais um esforço global.

3: O final: o de sempre. A mesma solução e mesmo comportamento dos antagonistas de tantas produções que vimos antes. Os mesmos sacrifícios e coisas em cima da hora e pior: num cenário tão estranhamente mal feito que parecia que outro filme tinha invadido Pacific Rim além de uma cena forçadísima nos créditos finais.

Mesmo assim, o peso da qualidade é bem maior que os defeitos. Ingresso bem pago!

2 comentários:

  1. Filmão, espqrando pela sequencia.

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  2. Gostei da cena forçadíssima nos créditos finais, por mais forçada que seja, por que sugere boas oportunidades para a continuação. Mas é bem caricata mesmo.

    Fatalmente as outras equipes realmente não tiveram o espaço para mostrar a que vieram, colando todos os elementos que constituem o filme, realmente não há muito espaço sobrando. Não vi nada no filme que tenha sido desnecessariamente prolongado.

    Clichês... CLICHÊS!!! O filme é recheado deles do início ao fim, mas não acho que isso seja de todo o mal. Até por que a própria premissa do filme é dar uma roupagem hollywoodiana para os seriados clássicos tokusatsu japoneses que por si só são compostos 100% de clichês.

    Sim... As cenas de ação são TUDO!! Não mexeria em nada naquelas cenas.

    [SPOILER] Ah, sim. Agradeça por não ter visto os pilotos de robô gigante executarem nenhuma dancinha tipo Power Rangers...

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