domingo, 22 de julho de 2012

Crítica - Valente (por Urbano)

PIXAR exibe covardia em seu título Valente.

Só pra deixar claro: é uma excelente animação no sentido técnico. Mas alguém esperava menos? Quando o trailer de Valente foi exibido, minha primeira surpresa foi: porque diabos os personagens se parecem tanto com os mesmos de Como Treinar seu Dragão da Dreamworks? (que adorei por sinal). Mas tudo bem, é Pixar! e dessa vez com uma protagonista feminina! Apesar de haver pessoas alardeando por aí que a Pixar perderia qualidade por ter sido comprada pela Disney, isso não fez o menor sentido pra mim.

Em tempo: não vejo nada de errado nas animações da Disney. Enxergo Pixar e Disney com duas estradas diferentes de contar histórias. Disney são fórmulas que você vê e já está familiarizado e nunca deixam de serem também um espetáculo visual. Pixar é revolução. Não apenas no uso do CGI mas principalmente com histórias adultas, tocantes e acima de tudo, surpreendentes. Enquanto todo ano respirávamos desencantos com filmes de Hollwoood, a Pixar surgia com uma odisséia de vida e sentimentos. Filmes pra serem louvados e comentados durante muito tempo. Dava pra sentir pela tela de cinema o coração dos envolvidos e, se você é desenhista, há qualquer leitura a mais que só nós nos deliciamos.

Não acreditei na "disneylização" da Pixar  após sua compra. Sempre achei de uma bobagem ranzinza e ainda quero acreditar que não passe disso. Mas ao assistir Valente, minhas convicções foram bem abaladas.

Nas antigas terras da Escócia, a princesa Merida  ama viver ao seu modo se deslumbrando com a natureza paupável e liberdade,  desprezando os insistentes protocolos da mãe tanto quanto sua "importância" política quanto seus maneirismos de comportamento diário e daí as duas tem seus embates.  A situação fica aguda quando Merida recebe a notícia de que terá de se casar com um escolhidos de um dos clãs. Até esse momento parecia que a Pixar estava falando sobre a história e escolhas de uma mulher;  Merida é absolutamente adorável, esperta, solta, seus cabelos reluzem vida e independência... mas dái pra frente a sensação que tenho é: a Disney assume e faz seu trabalho decidido em reuniões de pauta: "faça esses personagens fazerem isso pro público rir, esse vai ser o vilão e ele tem de ser feio e com cicatrizes, aqui entra a piada escatológica, aqui entra o discurso de lição de valores, aqui é o momento pra fazer chorar" e por aí vai...

Abrem mão das qualidades de Merida pra dar a ela uma personalidade extremamente inconseqüente e, lamento informar: muito, mas muito burrinha, do tipo cega pras coisas óbvias. Deficiência cognitiva mesmo. Merida desperdiça cachoeiras de chances  de resolver seus problemas o tempo integral. O roteiro nem busca situações cuja mecânica poderia contribuir pra criar obstáculos pra  Merida resolver. Ela causa todos os problemas. Seus ganhos de burrice instantânea bem pouco plausíveis passam a ser o mote da história. Pôxa Pixar, primeira protagonista feminina e é assim que vocês a representam? entre postergações desnecessárias, temos o tudo-que-você-já-sabe-que-vai-acontecer Disney pro mais que óbvio desfecho. E até chegar nele, 40% do filme é uma cópia de Irmão Urso, uma animação abaixo da média da Disney de 2003.

Uso de fórmulas, clichês o tempo todo. apelo pra gags...uma interessante "homenagem" a Hayao Myazaki num elemento da natureza que nem é explicado. Mas seria homenagem ou pegaram dele?

Decepção da Pixar que entrega um filme bem feito e divertido... mas sem coração de verdade.

Nota: 6 atmospheras.

Um comentário:

  1. Concordo totalmente!!! Quando vi o filme me decepcionei... a pixar podia fazer uma história bem melhor!!! Na hora que a mãe dela virou um urso eu pensei "WTF???" Desperdicio de dinheiro meu!!! A única coisa que valeu à pena assistir foi um curta antes do filme e o gráfico q usaram, cá entre nós: o cabelo da Merida estava incrivel!!!

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