terça-feira, 17 de julho de 2012

Crítica - O Espetacular Homem-Aranha (por Urbano)

Marc Webb faz o melhor filme do Aranha! 
Mas não o que os fãs queriam..



O Homem-Aranha de Sam Raimi teve a vantagem do ineditismo. Felizmente, Raimi não relaxou com essa  carta, foi corajoso ao manter o uniforme colorido do herói (e não preto de couro pra alegar que "funciona melhor na tela") fez um filme divertido, ágil e que teve uma parte 2 em alguns aspectos até melhor! O que funciona nos filmes do Raimi é a fantasia de pronto fazendo com que a gente feche os olhos pra defeitos um tanto graves: diálogos constrangedores do Duende com o herói. Sentido de Aranha que só funciona de vez em quando pra ajudar nas conveniências do roteiro, herói  revelando a identidade e agindo sem máscara bem mais do que gostaríamos, planos sem fundamento de todos os vilões,  Duende que quando abateu o herói, poderia ter tirado a máscara dele e mesmo assim ficou sabe-se lá quanto tempo esperando ele acordar..  personagem digital tosco na tela em passagens até demoradas, Dr. Octopus trabalhando com energia nuclear numa coletiva de imprensa (existe algo mais perigoso ?), tentáculos que pensam por si sem mais nem menos e decidem serem maus, herói que com superforça acerta o rosto humano do Octopus várias vezes e nada acontece... coincidências convenientes a torto e a direito como a do tentáculo atingir logo a tia May numa multidão!

E esses filmes (1 e 2) são ruins? de modo algum! divertidos, ágeis... porque a gente QUIS gostar. A maior parte foi nosso mérito. Era mais vontade de prestigiar um personagem que nos identificamos do que mínimo senso crítico. A gente finge que não viu e aceita até Tobey Maguire emprestando sonolência ao personagem mais ágil dos quadrinhos. Toda boa vontade do mundo no entanto não coube a Homem-Aranha 3 que é mesmo indefensável.

E depois de tantos heróis todos essas anos... nossa vontade de prestígio dá uma abaixada porque a novidade já foi.  O novo Homem-Aranha está sendo massacrado pelos fãs por bem menos defeitos que os dois primeiros filmes de Sam Raimi. Por um lado isso é bom; nos tornamos exigentes. Por outro há uma certa injustiça tomando conta, exagerando os defeitos e bloqueando o que o novo tem de melhor: maturidade.


Teias e rede
Saem a agilidade e inventivdade de Raimi (que sim, fizeram falta em cenas de ação) mas entram de cara, personagens que são pela primeira vez, tridimensionais e críveis. E acho que deveriam mesmo recontar a história que todo mundo conhece nesse novo tom. É um reinício. Essa sempre foi a proposta; desatrelar o novo do anterior.

Apesar de tudo isso, confesso que fui conferir o novo filme com uma certa má vontade . Não tinha me empolgado com a escolha do elenco nem os trailers. Detestei a teia ser fiel a dos quadrinhos que sempre me incomodou; a teia orgânica de Raimi era um avanço. Mas ok, surgem os créditos e.. nossa; mesmo filme, outro tom; muito mais sério e, ao contrário do que havia lido: estabelecendo a base pros acontecimentos vindouros e não uma cascata de coincidências. Peter  Parker pro meu alívionão é o adolescente "descolado" como eu temia nas fotos portando skate. Ele é tímido, franzino, mais vítima das circunstâncias que precursor. Andrew Garfield me desculpem, sepulta Maguire. O Peter de Andrew é desencontrado quanto a expressar sentimentos, tem trejeitos mínimos, tiques nervosos, hesitações grandes emocionalmente que beiram desespero diante da menina que ele tá a fim. Impossível (ao menos pra mim) não se identificar na adolescência. E Emma Stone faz uma Gwen que é interessante por qualidades além de seios molhados.  É inteligente, um encanto e bondosa tal como é na HQ clássica. Um cena envolvendo teia e um abraço chega a ser tocante. Aliás, os personagens secundários tem tratamento e não apenas suporte pros efeitos do herói. Ninguém é "mal" ou "bom", isso fica claro na excelente nova abordagem de Flash Thompson e até no detalhe do ladrão que vitima Ben Parker.

Escamas
Se o tratamento dos personagens e nisso incluo sim o Dr Connors foi um upgrade de sensibilidade e maturidade nesse outro ângulo, Marc Web não soube lidar bem com a transição entre uma realidade bem estabelecida e a fantasia competente. Seus elos de ligação tem mesmo problemas. Alguns momentos se aceleravam e isso ficou prejudicado ainda mais com efeitos especiais do Lagarto que ora falhavam em convencer. Tenho queixas pontuais também em algumas escolhas: cena na ponte? que fosse em outro lugar, a ponte foi destaque no primeiro filme. Câmera de Parker com letras imensas.... doeu. Não tinha outro jeito? trabalha roteirista. Lagarto resolvia isso pelo cheiro.

Cenas espetaculares no desfecho, mas bem estragada pelo excesso de divulgações dos trailers. Um 3D que só deve fazer diferença no IMAX, mas não compromete o filme.

E só pra implicar: sério que há um incômodo da Gwen Stacy ser filha do Capitão STACY tal qual é (e sim, isso é importante) nos quadrinhos?? e ela trabalhar na Oscorp? e eles terem um antídoto pra algo que fazem há mais de 10 anos? e ninguém ficou incomodado quando em Batman TDK justo a personagem (que nem existe na HQ) interesse amoroso de Batman  ser também interesse de Harvey Dent que foi justamente ser o Duas-Caras? a regra que incomoda num filme não incomoda em outro?


Só pra deixar bem claro: prefiro Batman TDK, mas não considero essas "coincidências" erro em nenhum dos dois filmes.

No geral, o novo Homem-Aranha me surpreendeu positivamente a ponto de quase perdoar o retrocesso da teia. Um ótimo e bem mais adulto reinício.

Nota: 8 Atmospheras.

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