sábado, 4 de setembro de 2010

MÚSICA - De quem é o prêmio?

Todo ano, temos duas ou três premiações no campo da música, no Brasil. Esses eventos até que ganham alguma publicidade, ainda despertam certo interesse numa fatia do mercado consumista atual, ao menos de informação. Mas, o que é mais curioso nessas efemérides é que elas não cumprem o seu papel, em princípio.

Em princípio, porque uma premiação de música deve representar todas as manifestações dessa arte naquele ano em que se realiza, e, mais importante, deve revelar ao grande público o que está sendo feito de bom fora do alcance justamente desse grande público. Porém, o que vemos é a repetição anual de nomes e estilos. Será que o Brasil contemporâneo só tem isso mesmo? Os premiadores ainda não se deram conta da diversidade não só musical, mas também de acesso, dos novos músicos e compositores? Os organizadores não percebem a responsabilidade que têm em relação à inovação e à qualidade sonora do nosso país?

As rádios, por sua vez, não têm o menor comprometimento com o novo. Também não se deram conta de que perdem cada vez mais para os ipods e para rádios on-line. E temem o novo porque são burras: atualmente, não faltam bandas, cantores e cantoras de enorme qualidade e com "apelo" pop. Por que não ouvimos gente como Mombojó, Do Amor, Luisa Maita, Lucas Santtana, Céu, Nação Zumbi, Tulipa Ruiz, Cérebro Eletrônico, Eddie, Cidadão Instigado, Rômulo Fróes, Nina Becker, entre outros? É certo que fariam sucesso, basta serem divulgados! Salvo alguns pouquíssimos programas, como o oásis RoNcaRoNca, na OiFM, tudo soa mofado e descartável no dial carioca. O paulista Rodrigo Campos lançou, em 2009, uma obra-prima chamada São Mateus não É um Lugar Assim tão Longe. Quem a ouviu? Quem a premiou?

A televisão brasileira, que já transmitiu atrações musicais históricas, hoje é deplorável nessa área, com seus programas de auditório e reality shows conservadores e de péssimo gosto. Não traz novidades nem apresenta o que destoa da indústria do entretenimento. A grande geração dos anos 1960 da MPB só conseguiu notoriedade porque a TV a divulgou, mesmo quando seus participantes fugiam ao senso comum.

Não faltam viúvas por aí dizendo que a MPB está uma porcaria, que não surge um novo grande talento. Se não quiserem ouvir o que já conhecem, se abrirem um pouquinho os tímpanos e a alma, encontrarão nos nomes citados no terceiro parágrafo um belo cardápio para voltarem a ter orgulho da nossa música. Pois, se dependerem dos prêmios...

Um comentário:

  1. Grande Valério !

    É um prazer ler uma crônica sua, tão inspirada como sempre no campo musical !
    O que tem feito ? O que tem ouvido ?
    Estou contribuindo para os comentários do nosso BLOG, assim o Atmosphera2 vai ter mais visibilidade.
    Bem, eu continuo por aqui, falando sobre cinema, música, um pouco de cada coisa.
    Vou te mandar um e-mail com sugestões de um amigo sobre comentar clássicos do cinema, aguarde !

    Abraços !

    Quintella

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