domingo, 23 de maio de 2010
CINEMA - O Imaginário Mundo do Dr. Parnassus
Quatro faces do Senhor Ledger
O mais novo filme do diretor Terry Gilliam talvez seja mais conhecido como último filme do ator Heath Ledger. Falecido em novembro de 2008, as filmagens foram interrompidas e o roteiro adaptado pra que Johnny Depp, Collin Farrel e Jude Law concluíssem o que Ledger iniciou. Na história,
Cristopher Plummer é Parnassus que hoje fazendo parte de uma trupe quase circense e itinerante, é dotado de poderes estranhos relacionados à imaginação e fez pacto com o Diabo há muito tempo atrás pra se tornar imortal. Em troca, deve dar sua primeira filha ao capetão assim que ela completar 16 anos. Sua trupe salva da morte um sujeito se enforcando, é Tony (Heath Ledger) que mal consegue se lembrar de quem é.
Esta minha descrição da premissa pode indicar um filme sombrio, quiçá de terror. Não é. Trata-se de uma obra de fantasia que mesmo que eu não possa afirmar ser leve, nem de longe é algo grotesco ou assustador como o funk tocado altíssimo no carro do meu vizinho imbecil. Além da provocante modelo Lily Cole como a filha de Parnassus (inevitável procurá-la peladinha no google) o que no filme tem de melhor é justamente o que acontece quando se atravessa o espelho de Parnassus: sua imaginação toma vida! Cenários loucos tornam personalidades caricatas, rodopio de idéias visuais remontando fortemente aos desenhos de Gilliam quando de seus trabalhos em Monty Pyton. E o mais importante: o visual louco serve a narrativa. Coisa que Tim Burton definitivamente não sabe fazer. Amigos, vamos combinar: visual é uma coisa, narrativa é outra e os dois devem se servir. Mas Tim Buton como narrativa... não deu. É a diferença entre um diretor que entende de visual e arte e sabe contar história e um diretor que apenas entende de visual e posa como se soubesse contar história (no caso de Burton, um tremendo arrogante). Mesmo assim, a narrativa aqui do Gilliam que é bom nisso, aparece entrecortada. De modo algum culpa do visual e sim se evidencia pelos acertos e remendos do que tiveram de encaixar com a transformação do personagem Tony de Ledger já que ele morreu antes do fim das filmagens. Isso não torna o filme ruim, foi um acerto as transformações do personagem em aparências distintas levando em conta o forte ocorrido, mas algo da linha acabou com rachaduras nas transições, não dá pra negar.
Esse filme me lembra dois outros que considero superiores: As 7 Faces do Dr. Lao (dirigido por George Pal em 1964) e que merece uma refilmagem e o nosso ótimo O Homem que Desafiou o Diabo com Marcos Palmeira que assisti tardiamente e terá sim um review aqui.
O Mundo Imaginário do Dr. Parnassus é um bom filme que perigava ser excelente não fosse a tragédia que se abateu e pensamos também se não seria o caso deste ser verdadeiramente em 3d ao contrário de alguns por aí que não tem a menor necessidade.
Nota: 7 atmospheras!
Leia também: Crítica de Onde Vivem os Monstros
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