domingo, 28 de março de 2010

CINEMA - Criação

Diretor com medinho...

Li que houve como de praxe um movimento raivosinho daquela gigantesca rede famosa por integrantes pedófilos quando do lançamento do filme Creation nos EUA. Eles podem ficar descansados e irem comprar pirulitos, pois o filme sobre Charles Darwin interpretado com certa competência por Paul Bettany  chega a ser bonito e, se você ultrapassar a vagarosidade dos 20 minutos iniciais, ele funciona, mas não é nem de longe um filme ousado. Na verdade sua maior virtude tem haver mais com a arte do que qualquer discurso; a trilha sonora. A encantadora música de Christopher Young consegue nos conectar aos sentimentos do filme. Fora isso, há  bons e inspirados momentos mas que perdem seu poder pontuados no todo vacilante. E é o que o filme é no balanço final: bom, mas com pouco fôlego. A cinebiografia da vida do homem que teve uma das idéias mais extraordinárias da história, derrapa ao dar ênfase demais na fragilidade de Darwin por conta do trauma da perda de sua filha Annie. Ele acaba resumindo Darwin a isso e não como o homem que mudou o mundo, nada da viajem do Beagle e em como Darwin chegou a conclusão da evolução e seleção natural abandonando de vez sua criação cristã. Tem momentos em que o genial Darwin aparece mais como pertubado do que como abalado pela perda, pois no filme ele fica imaginando a garota o tempo todo. Os espíritas vão amar isso.  Outra rachadura nessa parede é a Jennifer Connely que já fez o mesmíssimo papel de mulher de um homem que vê uma menina que não existe em Uma Mente Brilhante. E ela é mesmo esposa de Paul Bettany na vida real. Quando Darwin expõe seus pontos contra a mentalidade (?) vigente, a igreja, o filme chega a brilhar, mas logo retrocede. Faltou coragem ao senhor Jon Amiel em invocar esse lado, ele o faz mas com tanto medo... e o pior;  a frase final faz questão de salientar que Darwin foi enterrado com todos os rituais cristãos, isso dá margem a uma das mais descuidadas bobagens ditas até hoje por religiosos: que Darwin teria se convertido em seu leito de morte. Não, ele não se converteu e historiadores e seus descendentes contestam isso até a medula. Na verdade já haviam ditos essa mentireba de seu avô que era ateu e próprio Darwin reclamou disso em sua biografia (ufa! ainda bem que foi registrado!). Por outro lado, há uma cena em que a esposa de Darwin (essa sim, cristã) se mostra convencida pelo livro dele. Isso aconteceu de verdade? Sei pela história que Darwin morreu descrente, mas não encontrei nada sobre a esposa. Sei também com certeza que a história dele deveria ser filmada por um diretor mais macho porque esse Jon Amiel teve medinho. É melhor não perguntar a ele sobre suas unhas. HBO venha e faça direito!

Nota: 5,8 atmospheras.

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Um comentário:

  1. Que Deus tenha misericórdia de vc! O dia do juízo já está chegando!

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