Ignore o título!!! o filme é bom! Tem sim o seu açucar e até aspartame, mas se trata de um drama de ficção científica competente e complicado de ser conduzido. O diretor Robert Schwentke que fez o ótimo Plano de Vôo, segura bem as pontas e não deixa o marasmo se apossar.Eric Bana faz Henry, o sujeito tem uma condição genética que o lança a lugares tanto no passado quanto no futuro sem que ele tenha controle sobre quando e onde vai viajar e a clara consciência de que está preso ao continuum sem qualquer chance interferir. O filme é um tremendo " e se?" E se um cara viaja no tempo sem domínio e conhece a infância da mulher dele? e se uma versão mais velha dele casar com ela? e se ele se encontra consigo mesmo? e se eles se lembram de tudo? como seria um relacionamento assim? e se...
Taí o barato; uma constante brincadeira com possibilidades que não se anulam. A parte científica já corre em paralelo pois a autora do livro original que encantou Brad Pit a ponto dele ser o produtor, uma tal de Audrey Niffenegger, põe a já citada genética como condição de dispare dos saltos no tempo. Coisa nada a haver que serve pra torcer a descrença e trabalhar o caminho em outro corredor: o do relacionamento. É nessa concentração que o diretor se mantém; apenas uma trilha desenvolvida pra não confundir o já atrapalhado idas e vindas dos saltos temporais. A atuação de Eric Bana está de acordo, lembra um pouquinho um porte update de Cristopher Reeves no Em Algum Lugar do Passado, mas só um tico. E Racchel MacAdams que faz a esposa Clare, encanta com uma beleza acessível e uma boquinha que só me faz pensar besteira. Tudo no ponto. Claro que como fã de sci fi (não da revista: cruz credo!) senti falta de se aprofundar noutros caminhos, mas compreendi a proposta. É drama, é romance pra você levar aquela menina que você quer ver pelada. Mas faz pensar sim, te recompensa com boas jogadas e maturidade.
Só uma coisa não sai da minha cuca. Por volta de 2000 ou 2001, li um livro nacional excelente de contos de ficção científica escrito por um cabra chamado Fábio Fernandes. O nome é Interface com o Vampiro. Um conto que me deu calafrios foi justamente o de um sujeito que viaja sempre pro futuro sem qualquer controle sobre sua condição e tem lá também o seu romance, um lance de casamento e outras coisas muito, mas muito parecidas com a deste filme. Mesmo tendo gostado do filme não consigo deixar de lembrar do conto (embora tenha esquecido o título) de Fábio Fernandes, que achei em vários aspectos superior ao filme e fica o meu desejo de olharem mais pros escritores que temos por aqui. O conto dele daria sim um filmaço numa produção nacional. Sonhar não custa, o cinema avançou e ao menos algumas coisas já acontecem.
Nota pro filme: 7 atmospheras!
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