sexta-feira, 10 de maio de 2013

CRÍTICA - Homem de Ferro 3 (por Urbano)


Não respeito os seguintes "argumentos":

1. "Ah, é um filme de quadrinhos! O que você esperava?"
2. "Eu fui pra me divertir, não criticar."

3. "As pessoas gostam de reclamar."

Minhas respostas:


1. É um gênero criativo e inteligente. Era isso que eu esperava.

2. Vou pra me divertir, mas se decepciona, não me divirto por obrigação.
3. Sério que considera isso um argumento? Lembre-se então de que quando você ficar insatisfeito com algo, é porque você gosta de reclamar, não porque o algo foi decepcionante.

Comentários abaixo COM spoilers

Homem de Ferro 3 acabou pontuando um lado tão infantil de fãs um tanto mais agressivos. E incluo pessoas com mais de 40 anos, até. É um filme, um entretenimento. Mas pra alguns, adquire status de importância burlesca. Dito isto, eu pago ingresso pra me divertir. Caso não me divirta, reclamo sim e não estou errado em dizer isso. É curioso como invertem as coisas. Se a pessoa sai da sala insatisfeita, é porque ela não decidiu que o filme seria maravilhoso antes de entrar. Ela não se divertiu a altura do que gostaria.

Ótimos efeitos especiais e um clima de anos 1980 (que eu gosto) e o que mais?
Acontece que a MARVEL mentiu e isso deveria ser ponto pacífico. Prometeu sim um filme onde teríamos o Mandarim aterrorizante interpretado por Ben Kingsley que se revelou uma piada dentro da história. Não valem argumentos de que o Mandarim nos quadrinhos é espalhafatoso com o poder dos anéis e tal. Excluo aqui as comparações com quadrinhos e me atenho ao que foi prometido durante todo esse tempo pro cinema. Particularmente nem me incomodou tanto; foi uma charada que matei nos primeiros minutos do filme e confiei que fossem fazer algo mais interessante. Mas daí, tirar a razão de quem ficou fulo com essa mudança? de forma alguma, os fãs estão certos. Pagaram ingresso pra assistir uma coisa e viram outra.


"Foi acertada a decisão de colocar Stark sem a armadura"
Não, não foi. Stark já aparece bastante sem a armadura em todos os outros filmes; incluindo Vingadores. 

Tá, esqueçamos os trailers, e o filme independente das promessas?

Stark está obssessivo na criação de armaduras pra se equivaler aos seres super-poderosos que  interagiu em Os Vingadores e sofre de crises de ansiedade. Sua mansão é atacada e ele acaba indo parar com uma armadura defeituosa a quilômetros de distância.  Lá, encontra uma garagem onde tem uma série de equipamentos que pode usar e um menino gente boa com que passa um tempo IMENSO da projeção. Foi essa passagem que, pra mim, puxou muito o filme pra baixo. Teria sido mais interessante o garoto morrer em algum momento e o filme ganhar mais peso, enfim... Não bastasse isso, Stark literalmente esbarra com uma soldado Extremis quando vai encontrar uma mãe de um soldado que tinha em casa, uma pasta com planos ultra secretos (!!?) Pois é.

Então ele invade o cafofo do Mandarim e acha um ator fantoche. É estranho a Marvel colocar um garoto e fazer esse link com o povo juvenil, já que Stark passa por uma puta drogada num sofá e o Mandarim com mais duas na cama. Alguém desequiliboru esse tempero. Não leia isso como reclamação, apenas pontuei.

Aliás, o ponto mais inteligente do filme é também que o Mandarim seja um fantoche. Uma pegada nas teorias de conspiração sem deixar de criticar o mecanismo de política armamentista dos EUA, pensando por esse lado, foi muito bem feito!  Mas ficaria feliz se o restante do filme acompanhasse e não fosse uma exibição de tropeços. O que temos são tiradas inteligentes mal costuradas num bojo irregular demais pra se sustentar por si. Quem tenta desesperadamente dar sentido, por amor à franquia, são justamente fãs. Muito mais pelo desejo de que o filme fosse do que ele realmente é. 

O vilão real no lugar do Mandarim é uma repetição do Síndrome de Os Incríveis, que fica magoado com seu ídolo e vai, anos depois se vingar. A tal tecnologia Extremis poderia ser ao menos melhor explicada além de um holograma, pra gente comprar a idéia. Seguem-se ótimas cenas de ação; (o resgate dos passageiros é espetacular!) e culmina num final bagunçado visualmente onde conseguem também desfazer da excelente solução de Stark pra destruição do inimigo e colocar em... Pepper Pots, que não apenas ganhou os poderes Extremis como sua roupa também ficou saba-se lá como, invulnerável.

Faltou um acerto no ritmo; muitas passagens são absolutamente maçantes. Essa é a maior das minhas reclamações. Faltou coerência nas atitudes dos personagens: como assim Stark vai destruir armaduras e deixar ele e a amada vulneráveis? Por que a mansão era tão desprotegida e por que não ativou logo as armaduras no ataque dos helicópteros? A cientista gostosa era amiga o tempo todo do vilão? ok. E a amizade não acabou no ataque dos helicópteros onde ela quase foi morta? 

Por último: calcule a cicatriz que ficou no lugar do reator

E com tudo isso, ainda digo que Homem de Ferro 3 não foi tão destruidor quanto Batman -The Dark Knight Rises foi pra própria franquia. É a diferença entre sair do cinema com a sensação de ter visto um filme razoável enquanto outro que envergonha o que ele mesmo estabeleceu.

Nota: 6,5 atmospheras.






2 comentários:

  1. Peraí, acho que pelo sono eu não li direito o que o sr disse no final, que o filme é "razoável" enquanto o fechamento da trilogia do Nolan destruiu tudo? Leio HQs compulsoriamente desde dos 11, sendo que vim realmente aderir a DC a pouco mais de 2 anos, antes eu contentava apenas com a Vertigo e sempre com a Marvel. Depois de Homem de Ferro 3, o qual eu fui ver no cinema, eu simplesmente larguei a Marvel nos cinemas. Porque isso que eu vejo, desde do primeiro Homem de Ferro em 2008 até aqui, não é Marvel, é uma cuspida na cara do fã que leu centenas de HQs e que são chamados de ranzinzas por mostrar que 90% do que eles fazem nos filmes são insulto. Mas com o Batman, é justamente o contrário, o que nas patas da Marvel se tornaria uma trama didática e sem camadas, nas do Nolan se tornam aprimoramentos. Ele pega das fontes mais adultas do Batman e cria uma EXCELENTE trilogia. E ainda arrisca mais, ao criar um desfecho de como seria um dia o Wayne largando a cidade. Mostrando uma lenda com inicio, meio e fim. Enquanto o terceiro filme faz uma conexão ridícula com Os Vingadores, alegando um forçado estresse depois da invasão, Batman apesar de não continuar da maneira pretendida desde do final do Cavaleiro das Trevas por motivos óbvios, ele traça um plano B. O filme é um Plano B, que apesar de alguns excessos como a Thalia (acredito eu pelo exocentrismo do Nolan), ele se sai imensamente melhor que "Os Vingadores", por exemplo. O terceiro filme do Batman me serviu de impulso definitivo para eu ler em fundo suas HQs, depois de ler acho que mais de uma centena, eu posso narrar que existem dois Batman nas HQs:
    A. O super-heroi, com um relativo tom sombrio, acrobático, que enfrenta muitas vezes seres com super-poderes, tem uma roupa colant, um cinto de utilidades duvido em algumas ocasiões, além de enfrentar inimigos que se possuem ora própositos limitados a apenas querer deter o morcego, ora alguns que tentam sem muito sucesso serem criveis.
    B. O vigilante. Realmente sombrio, vingativo, estrategista, líder, isolado, territorialista ao extremo. Do tipo que no fim da carreira (ou ápice na minha opnião) surra o Super-Homem para ele entender o que é ser homem e sentir dor. Tem nas suas histórias uma densa carga de psicologia e principalmente sociologia. Mostra bem o que é carregar cicatrizes de lutas com maniacos homicidas, gangsters, sociopatas... Além de ter personagens fortes no auxilio, como um Alfred questionador, o Comissário Gordon colocando a mão na massa, mostrando como um policial de bem age, um Luxius Fox sendo parte exemplar da trama e não só um cara na empresa dele que de vez em quando corre perigo (como mostrado nas HQs dos anos 90 durante A Queda do Morcego). Para não me estender mais, vou direto ao ponto final por eu ovacionar tanto esse filme, a meses atrás eu comprei em formatinho as 17 revistas que compõem A Queda do Morcego, e posso afirmar que o sr. Nolan naquele filme fez algo inedito pelos menos para mim: Conseguiu criar uma trama bem melhor no que ele ele se baseou, pelo menos no terceiro filme. Força e Honra.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Sim. Os 2 Batmans do Nolan tem uma proposta mais séria, bem pensada e densa do que a diversão mais despretensiosa de Homem de Ferro 1 e 2. E mesmo longe de ser o Batman das HQs, estava um excelente Batman que Nolan estabeleceu... até a parte 3. Maior a altura, maior o tombo; enquanto o infeliz roteiro de Homem de Ferro 3 mostra uma série de tropeços e decisões vergonhosas, o também infeliz roteiro de Batman TDKR que deveria sim (e em vários pontos vai mesmo) além de uma diversão mais simplória, vai contra o que o filme estabeleceu nos 2 anteriores. Bruce Wayne é reduzido a um ermitão que não liga mais pra cidade porque estava magoado pelo trauma da perda mulher. Justo ele que havia redefinido sua vida a partir da pela perda dos pais. Nolan não apenas encerrou de forma péssima o seu Batman como reduziu a atuação inteira do Batman a coisa entre 6 meses a 1 ano (é o tempo inteiro em que o Batman atua como Batman no nolanverso). Qto a ser melhor que a Queda do Morcego na HQs, concordo. Até porque a Queda do Morcego nas HQs é muito ruinzinha e fazer melhor não era difícil. Em tempo: gostaria de ter saído do IMAX onde fiz questão de pagar ingresso caro de tanto que confiava no Nolan, feliz da vida e não imensamente decepcionado como fiquei ao término da sessão. Abs!

      Excluir