quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Crítica - Contra o Tempo (por Urbano)

Ficção científica com inteligência ainda vive!


Não acompanho televisão há mais de 15 anos. Zapeando canais, raramente parava mais que meia hora. Agora só alguns segundos se algo me chama a atenção  - ok, no caso das Panicats, alguns minutos.
Essa semana resolvi fazer uma experiência psicológica já que soube de uma novela da Globo que estaria abordando ficção científica, meu gênero predileto. Vi um robô com voz de Bob Esponja  - espero que o dublador esteja sendo bem pago, coitado - protagonizando cenas com um comportamento tão infantilóide e bizarro, que acredito que o termo RETARDADO em seu sentido mais pejorativo, tenha sido redefinido. 40 segundos foram o suficiente pra que eu experimentasse um nível de constrangimento tão destruídor que não sei quando vou conseguir me recuperar.  Sempre que lembro, me sinto mal.

A ficção científica que é em minha opinião, o gênero mais inteligente e imaginativo de todos, me pareceu um tanto... vítima de um estupro do mais doentio.


E sabe o que mais? não é porque a Globo fez isso ou aquilo e é má e tal... nem por aí. Há coisas de  qualidade na Globo (como o núcleo Guel Arraes); eu me senti mal porque, por pior que seja lá o robôzinho da vergonha alheia; ele funciona. Seu público é atingido.  A dona de casa acha genial. Ri e se surpreende com uma cena ali, copiada de Inteligência Artificial, por exemplo. Realmente se encanta com isso... medo.

Talvez a dona de casa que se maravilhe com roboquices, nunca vá processar um filme como Source Code. Quando vi o trailer em que um homem num trem, retorna várias vezes a um ponto do tempo revivendo as mesmas situações e a morte, lembrei de como já vimos isso brilhantemente abordado no filme Dia da Marmota (traduzido como Feitiço do Tempo, mas me recuso a usar essa tradução). Também vi sombras de Os 12 Macacos,  Retroactive e The Jacket. Assistir algo que a gente já sabe como vai terminar requer que a viagem até o final tenha qualquer coisa de incomum. É aí que está a pegadinha de Source Code que me fez fixar na poltrona! Duncan Jones (filho de David Bowie) que já havia feito o ótimo Lunar,  dirige Jake Gyllenhaal. Ciente das repassadas sobre o mesmo trilho, trabalha a graça do que está embutido na história. As coisas não são bem o que parecem, contar aqui eu não vou, a beleza está mais no puzzle do que no seu desfecho. O filme progressivamente vai ficando mais inteligente a ponto de algumas coisas descarrilharem e não se resolverem. Acredito que o roteiro de Ben Ripley simplesmente não soube como fechar certas situações e até uma de caráter moral permaneceu em suspenso. Não fosse por isso, teria dado 10 atmospheras ao surpreendente Source Code (não que alguém lá se importe). Mas aqui vai minha nota:

8,5 Atmospheras.

4 comentários:

  1. Novela da "Vênus Platinada" que aborda ficção científica? Não sei de qual se trata...

    Não acompanho novelas mais...

    Mal, mal ligo na Rede "Bobo". Não sei o que se passa no jornal nacional, nem no fantástico...

    Mas eu gosto de ficção científica, tenho um amigo que faz todo ano a festa dos Marcianos (tá pra nascer um cara mais fanático que ele com esse gênero)...

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  2. Na realidade o povo gosta de coisas desse gênero, ou seja: que não acrescenta nada em sua pobres vidas...todos queremos fugir do óbvio! quem sabe, olhando pra minha tela de 50 polegadas, na minha poltrona confortável de chenille, eu não esqueço que lá fora a vida me chama pra virar gente grande?
    Tópico muito legal, m fez pensar no tempo q perco lendo e vendo coisas q n m agradam em nada!

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  3. Bom, ficção científica não combina com novela, né, amigo, realmente!
    As pessoas se recusam a pensar demais sobre alguma coisa, é por isso que novela é tão popular. Não precisa pensar em nada!!!!!
    No todo, arrasou no texto!



    http://alteregodonuti.blogspot.com/

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  4. Tudo o que vem da Globo faz em relação a novelas são sempre um caso a se pensar, às vezes é necessário ter certas atitudes por conta da classificação do horário. Claro, não justifica essas bizarrices, entretando chega ser aceitável.

    Sobre o filme em questão com Jake Gyllenhaal ainda não tive oportunidade de assisitir até por falta de tempo e nem sei quando assistirei, mas Lunar é fantástico (apesar que achei a cena final um tanto batida), principalmente por ver um Sam Rockwell inspirado.

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