domingo, 12 de junho de 2011

Crítica: Namorados Para Sempre (Blue Valentine)

Um excelente romance/drama e péssima pedida para o Dia dos Namorados.

Vou começar diferente além de não ter posto minha piadinha infame dessa vez. Vou logo dizer minha nota: 10 atmospheras. Fiquei absorvido integralmente pelo filme (reflexo em emoções atuais? não sei). Mas foi como se fizesse parte da mobília, cenário, luz, sombra... sentimentos. Você se sente uma força invisível vivendo ali e não podendo fazer nada pra mudar as coisas. Sim, o filme te afeta. Desde que: ou você não tenha idéia do que se trata ou você saiba exatamente do que se trata. Ser enganado pela tradução errada do título é que não dá. Se o filme se chamasse Meteoro ou Os Smurfs versus a Tartaruga Gigante Gamera, teria tanto a haver como Namorados para Sempre. Ok, admito ter cometido um exagero ou outro. Mas nada a haver não quer dizer o oposto.

O roteiro e a direção de Derek Cianfrance soltam um realismo na interpretação dos atores Ryan Goslim e Michelle Williams que eu não me lembro de ter visto algo parecido a não ser na vida.  A história é contada na linha do presente sendo constantemente oscilada pelo passado. O passado é de como eles se conheceram, como foram se encantando, namorando não sem interferências de coisas ruins e do sacrifício mais de uma parte do que de outra, mas tentando plantar coisas boas. Sim, apenas na ficção é que o sacrifício de um relacionamento é algo equilibrado. Na vida real buscamos essa simetria, mas ela quase nunca (ou nunca mesmo) acontece. É o momento de escolhas do que você vai abrir mão, às vezes entre o que ama e dignidade. Às vezes do que se tem de regra social e do que você verdadeiramente se identifica. Cada qual tem sua odisséia. E o filme optou por esse caminho de pés descalços sobre pedrinhas. E quantas pedrinhas nessa linha do tempo presente onde o encanto parece exaurido no coração da Cindy e sua idéia de valores é tão própria (se é que existe) que Dean tenta ao menos uma compreensão. Mesmo que o filme não tenha lá propostas de grandes reviravoltas, não cabe a mim falar mais e acabar descrevendo cenas; odeio quando fazem isso comigo. Você tem de ver  e sentir. E sem dúvida vai pegar sua fatia de identificação de cada personagem nos pontos onde a vida e a retratação dela se conectam. Mas assisitir esse filme no Dia dos Namorados como algum incentivo, é a pior coisa que alguém poderia fazer em prol do próprio relacionamento. Assistir depois... sim, recomendo totalmente. Que existe romance, existe. Uma visão madura e intimista o suficiente pra te fazer olhar seus próprios pontos com uma distância necessária. Um presente (um tanto amargo talvez) que Derek Cianfrance deu a todos nós que já nos apaixonamos.


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