Todo diretor gosta de imprimir sua marca nos filmes que dirige. Com Danny Boyle também é assim. O diretor de Cova Rasa, Trainspotting e Quem Quer Ser Um Milionário gosta de cenas com cortes rápidos, “videoclipadas”, com um impacto de cores fortes, e blá, blá, blá. Talvez isso não deponha contra seu mais recente trabalho, 127 Horas, que narra o sufoco pelo qual passou o montanhista, ciclista, praticante de rapel Aron Ralston durante o período que dá o título ao filme, baseado em seu livro, Between a Rock And a Hard Place. Se a obra cinematográfica é fiel à literária ainda não sei, pois o livro só será lançado no Brasil em março desse ano.
Mas o filme retrata sem pieguice o que se passou com Ralston, dando forma e cor à sua dor e agonia até o desfecho que, sabemos, foi feliz, pois o cara ainda está vivo e serelepe, mandando ver na prática de esportes sem o antebraço direito. As cenas e tomadas de câmera em Moab, Utah, são fantásticas. Boyle consegue extrair bons momentos das cavernas, montanhas e lagos do local. Em se tratando de um filme com uma narrativa simples, mesmo porque tudo se concentra a partir do momento em que Ralston sofre o acidente, 127 Horas é enxuto e direto, sem firulas, na veia.
Com o elenco reduzido, resta a James Franco levar o filme nas costas, assim como fez Tom Hanks em O Náufrago. Depois de ter cansado sua beleza em toda a franquia do Homem Aranha, até morrer no terceiro filme, Franco pôde dedicar-se ao quem tem feito com certa freqüência: dirigir curta-metragens. Entre os últimos trabalhos, mais significativos, estão Milk e Comer, Rezar e Amar, interpretando papéis aquém de seu talento. Franco aparece em O Besouro Verde, mas não é creditado. Por 127 Horas ele recebeu sua primeira indicação ao Oscar de Melhor Ator, mas está difícil competir com Colin Firth (O Discurso do Rei).
No mais, é torcer para que ele tenha sorte no próximo filme. Quanto a Boyle, que continue fazendo bons filmes como esse.
Nota: 8 atmospheras !
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