Crítica - O Pequeno Nicolau

A graça da inocência

Isso não é bem uma crítica, é mais uma recomendação. Obras fora de blockbusters americanos não são devidamente alcançadas pelo público. Inda mais com baixa distribuição. Le Petit Nicolas é um filme ímpar que gancha uma inocência onde talvez sejamos a última geração a ter tido contato. Se o personagem não te é um completo estranho, é porque se trata de um clássico também em quadrinho francês escrito por Renné Goscinny (sim, o mesmo de Asterix) e Jean Jacques Sempé que você topou em uma boa livraria.

 Nicolau é um menino desprovido completamente da noção do mundo adulto. E pessoas crescidas pra um menino imaginativo podem ser heróis ou monstros. Nesse caso, seus pais que, segundo a interpretação de Nicolau a partir de uma conversa deles, vão abandoná-lo numa floresta. O diretor Laurent Titrard acerta o rítimo moderno num filme ambientado há meio século sem perder a sensação de algo feito com calma. A abertura em desenho corre em te situar nos personagens e quando a história começa, tudo é palpável, cabível na realidade mesmo com a perspectiva do menino como guia. As caricaturizações são atenuadas e a gente pesca a identificação. Maximine Godart veste Nicolau um tanto mais contido que o personagem original, mas dando respiro e ação pra trupe que o cerca formada de amigos do colégio. Salta então o impagável Clotaire, pivô do humor mais bem esculhambado da obra com sua reação nonsense.

Professora, escola, família... e os últimos anos quando os mistérios da vida vão desaparecendo. Um dos maiores acertos do cinema do ano que recomendo também a professores. E se o filme não é suficiente, dê uma boa olhada no lançamento da editora Rocco.

Nota: 9,3  atmospheras!


Posto o trailer abaixo um tanto contrariado. É que ele acaba passando a idéia de um filme boboca, inda mais com música circense no fundo. Te garanto, o filme é muito mais doi que isso.