quinta-feira, 27 de maio de 2010

SÉRIES - LOST (por Marcio Quintella)


Enfim, o Não-Fim...
Vida, morte, aceitação, transgressão, metafísica, planos espirituais, mistérios, guerras, números...
Na noite do último dia 23, nos EUA, e do dia 25 aqui no Brasil, foram exibidos os dois últimos capítulos da última temporada de LOST, uma das séries mais intrincadas e complexas dos últimos tempos.
A história criada e produzida por J.J. Abrams, Jeffrey Lieber e Damon Lindelof, e escrita, também, por Carlton Cuse, foi uma verdadeira pancada na cabeça no que se refere a estilo de narrativa, flashbacks e flashforwards, e também deixou muita gente de queixo caído ao revelar que o grande mistério da série estava estampado na cara do primeiro episódio. Ou seja, TODOS ESTAVAM MORTOS DESDE O COMEÇO !
E por que o espanto ? Por que a frustração ? Ah, tá, tdo mundo queria um final feliz, bonitinho, todos são e salvos em suas casinhas, Jack, o herói da mulherada, Sawyer o canalha irresistível, Kate, Juliet, Jin, Sun, Hurley, todos bem...
Com esse fio condutor, J.J. Abrams & Cia. desenvolveram uma história que misturou pecado, alegria, egoísmo, tristeza, dor, solidão, muito bem urdidos em temporadas que deram destaques diferentes a temas isolados, e que souberam, às vezes, despistar, outras, lançar dúvidas e, até mesmo, não dizer coisa alguma. Porque, de vez em quando, é necessário ficar calado. Primeiro foram os passageiros do Oceanic 815, depois vieram Os Outros, a própria ilha como centro de vários questionamentos. Enfim, tudo estava quase na cara. Bastava, para isso, algo ou alguém que desse uma pista. E esse alguém foi John Locke, que , desde o primeiro episódio, nos mostrou o que havia occorrido. Como um homem, que é paraplégico, sai andando normalmente após um acidente daquele ??? John foi o único que sabia o que tinha contecido, mas , para desespero de todos nós, fechou-se em sua concha coberta de filosofias e metáforas, sem sequer dar sinais de que iria revelar algo. Maldito seja John Locke ! Bendito seja quem o criou, conseguindo imortalizar um dos personagens mais enigmáticos de um seriado. Ponto para J.J. e "os outros" produtores, com trocadilho. A ideia de "personificar" a ilha como um lugar de expiação e transição de almas foi original, ainda que o tema de almas que não se aceitem como mortas já tenha sido explorada brilhantemente em O Sexto Sentido. Aqueles que quiserem, realmente, entender a série, vão ter que engolí-la capítulo a capítulo, senão vão boiar feio.
Outro ponto positivo de LOST, ao meu ver, foi o de utilizar nomes não tão conhecidos do público, mas que possuíam um currículo bem extenso em produções de TV e/ou cinema. Atores como Terry O'Quinn, que vestiu magistralmente a pele de John Locke, Michael Emerson, o "não tão fatídico assim" Benjamin Linnus, Henry Ian Cusick, o literalmente viajante Desmond Hume, e Elizabeth Mitchell, a doce e hipnótica Juliet Burke, são exemplos de como emergir talento e explosão de personagens. Destaques, ainda, para Jorge "Hurley" Garcia, Josh Holoway, Evangeline Lilly, Naveen Andrews, Yunjin Kim e Mathew Fox, cujo Jack Shephard mostrou-se um herói e um líder nato. Enfim, o final da série nos mostrou que, de um modo ou de outro, tudo continua, e as pessoas daquele voo irão descobrir isso, mas na ficção.
Aproveito para saudar o herói Jack Bauer, que , com fôlego de gato, conseguiu fazer de 24 Horas um diferencial, apesar do extenso tempo em que esteve no ar.
Por John Locke, Jack Shephard, Kate Austen, Benjamin Linnus, Juliet, Desmond Hume, Hurley, Sawyer, Sun e tantos outros, mas pelo fato do tema "almas sem rumo" já ter sido utilizado antes...
Nota: 9 atmospheras !
P.S. - Aguardem os comentários do Urbano sobre LOST. Ele tem a visão um pouco diferente da minha...

Um comentário:

  1. Olá, gostei do blog, muita informação legal! (principalmente sobre o homem de ferro do Burguer King hehehe)

    Mas sobre o post. Primeiramente... quem disse que estavam todos mortos DESDE o começo? No último capítulo aparecem todos mortos, naquele rito de passagem, sim, mas ao meu ver, eles só eram mostrados como mortos nessa "realidade" paralela que foi mostrada na última temporada... esse "limbo" temporário em que todos tiveram que "lembrar" o que passaram em vida e como se conheceram...e tudo que consideraram importante em sua redenção... Como disse o pai do Jack, sim, vc está morto, mas não existe "agora", todos estão ali te esperando, houveram os que vieram antes (morreram antes?!) e os que vieram depois de você, todos que de alguma forma foram importantes para você...e por aí vai...

    Bem, muitas coisas inexplicaveis aconteceram naquela ilha...e é por aí que imagino que ficou mesmo...inexplicado...pois não sei se era pretendido por eles explicar ou deixar a imaginção do espectador levar... (certas coisas é melhor mesmo deixar no ar apenas)

    Outro exemplo de comentário é entre o Hurley e o Linus, onde eles se referem como o “um” e o “dois” da ilha... o que deixa no ar que a sugestão de que eles podem ter passado um bom tempo no controle da ilha, após o Jack, assim como foi com o Jacob... E também, ao que parece, o Jack só morreu mesmo naquela hora, deitado após a facada, e feliz por ver que o avião levava alguns de seus amigos... além de ver que ele poderia ir em paz agora, por ter cumprido o que ele considerava seu destino...

    Quanto ao Locke, esse foi mesmo um dos melhores personagens... e que teve uma visão bem grande mesmo... mas ainda assim atormentado por suas escolhas e muitas vezes “tentado” por suas dúvidas de estar seguindo o caminho correto... tanto que ele tentou se matar (conseguindo através do Linus). A partir daí, aquele que retorna para a Ilha, não é mais o Locke e sim o adversário/irmão do Jacob... a forma firme que ele passou a agir, a determinação e ausencia de duvidas provinha da sua obcessão antiga...e não da fé original que movia o Locke verdadeiro.

    De qualquer forma, a série toma uma profundidade e densidade ímpar, que pode chatear os mais preguiçosos, mas que gera teorias, raciocínios, explicações e divagações filosóficas/teológicas nos que gostam de um bom desafio...hehehehe

    A série foi ótima, embora eu ache que algumas historias ficaram um pouco esquecidas, mas no geral, foi um bom fechamento, um exemplo de situação que poderia ter sido melhr aproveitado foi um personagem que considerei interessantíssimo mas que foi um pouco esquecido no final, o gigante Eko... a relação e atritos entre ele o Locke poderiam dar ainda muito mais história pra contar =D

    Fora isso, só algumas pontas que foram jogados durante a série e que ficaram meio soltos ao final, mas no geral, foi um bom fechamento para a série.

    Abraço!
    Rafael Q.

    ResponderExcluir