Meninas Super-Poderosas !
Há muito tempo eu não ia ao teatro, confesso. Assistir a um musical, então, nem me lembro quando foi a última vez. Não vi "A Noviça Rebelde" devido aos preços extorsivos cobrados pela produção para nos fazer lembrar rasteiramente de Julie Adrews entoando "The Soud of Music". Enfim...
No último domingo fui assistir "O Som da Motown" despretensiosamente, pois não tinha idéia do que me aguardava. Nos jornais e revistas de cultura, os comentários eram favoráveis.
Bem, se eu tinha dúvidas sobre a qualidade do espetáculo, elas morreram quando eu levantei para aplaudir de pé ao musical.
SHOW DE BOLA !
No início, quando a banda (coesa, forte e discretíssima, e sem se sobressair em momento algum !) que acompanha as meninas atacou de “You and I”, achei que a qualidade musical estava baixa, os arranjos não eram totalmente completos. Mas era essa a função dela, somente dar o suporte competente para as vozes que iriam entrar em cena. Quando as cantoras iniciaram o show com “I Heard It Through The Grapevine”, de Marvin Gaye, perguntei: “Cadê o cantor ???”.
Mas não precisou, porque elas tem um poder vocal tão bom que não senti a falta de um “lead singer”.
O roteiro das canções recria momentos brilhantes da gravadora que foi a meca da música negra nos anos 60, 70 e 80. Os diretores Renato Vieira e Cláudio Figueira fizeram um trabalho de apuradíssima qualidade visual, cênica e musical.
Todas as moças possuem talentos distintos. Pensei que Ellen Wilson, a morena alta, fosse levar a peça nas costas. Mas, ledo engano, as outras cantoras são monstruosamente talentosas. E que vozes !
Simone Centurione é uma “branca de alma negra”. Seu dueto com Michael Jackson em “Ben” é de cair o queixo, ainda mais porque a moça canta à capela, tarefa difícil para qualquer cantor. Alcione Marques e Débora Pinheiro são eficazes e seus números solo também são excelentes. Débora interpretando “Theme From Mahogany” é sensacional !
Agora...Thalita Pertuzatti...Uma diva, com números individuais que transcedem ! “For Once In My Life” e as canções do medley de Michael Jackson (“ABC”, “Never Can Say Goodbye” e “I’ll Be There”) ficaram formidáveis.
Saí do teatro Leblon com a certeza de que nossos talentos musicais não se resumem apenas a cantores EMOS com cérebro de rolha, nem de cantoras da MPB que interpretam cantadas baratas para o mesmo público de fãs desesperadas por sua atenção.
Nota: 10 atmospheras!
Nenhum comentário:
Postar um comentário